CENÁRIO
RETROSPECTIVA
A semana teve uma agenda de eventos importantes, entre os quais, podemos citar como principais, o discurso da primeira ministra britânica, Theresa May, sobre a saída do Reino Unido da Zona do Euro e a posse de Donald Trump como o 45º presidente dos EUA, fato que trouxe volatilidade ao mercado durante toda a semana.
Em sua declaração realizada na terça-feira (17), Theresa May apresentou um discurso conciliador em relação à saída do Reino Unido da Zona do Euro, comentando que procuraria fechar tratados de livre comércio com os países da região, mas sem a filiação ao mercado único. Também disse em seu pronunciamento, que pretende realizar o controle dos imigrantes que chegam ao país. Ainda não é possível avaliar o real impacto econômico da saída do Reino Unido para a região ou para a economia global, contudo, o presidente do Banco Central da Inglaterra, Mark Carney, comentou que o Reino Unido deverá ter, nos próximos anos, um crescimento abaixo do observado, nos últimos períodos.
Nos EUA, a posse de Donald Trump, ocorrida na sexta-feira (20/01), trouxe volatilidade ao mercado ao longo de toda a semana, com os participantes do mercado aguardando seu discurso para avaliar o tom a ser seguido pelo presidente. Apesar de iniciar o discurso de forma quase amigável, manteve a linha dura adotada em sua campanha reforçando a ideia de nacionalismo e protecionismo. Um exemplo da política a ser adotada no governo Trump pode ser observado na nota de terça-feira do Wall Street Journal, que traz declaração de Trump reforçando a visão para que as montadoras de automóveis retomem a produção no país.
Outro evento importante foram as declarações da Presidente do FED, Janet Yellen, que adotou postura mais dura que a usual. Na quarta-feira foi divulgada a inflação, CPI, referente ao mês de dezembro com alta de 0,3%, com a inflação anualizada em 2,1%, também ocorreu a divulgação da Produção Industrial que veio acima do esperado, 0,8% contra uma expectativa de 0,7% e a Divulgação de dados do Livro Bege, o qual demonstra que a economia americana está expandindo de forma modesta e com alguma pressão nos salários começando a acontecer. A posição de aumento da taxa de juros americana adotada pelo FED ao longo do ano, e a política protecionista do governo Trump podem trazer problemas para os demais mercados, visto que esse cenário tende a fazer com que os investidores se voltem mais para os EUA, minguando o fluxo de capitais para países como o Brasil.
No cenário doméstico também tivemos uma semana agitada, começando pela divulgação do Relatório semanal Focus, do Bacen, apontando uma inflação caindo para 4,80% para 2017, taxa Selic abaixo de dois dígitos, 9,75%, inferior à taxa de 10,25% apresentada na semana anterior. Na sequência houve a divulgação do relatório de Perspectivas Globais do FMI, o qual apresenta uma estimativa de crescimento de apenas 0,2% para o Brasil no ano de 2017, abaixo do 0,5%, apresentado anteriormente em outubro. Na terça-feira tivemos a divulgação da Ata do COPOM que veio em linha com a declaração realizada na semana passada, com um tom mais “dovish”, mas sinaliza que o ritmo dos cortes a serem adotados dependerá dos dados econômicos apresentados, podendo estes cortes virem em linha ou até mais fortes do que o apresentado na última reunião. Por fim, tivemos a trágica notícia da morte de Teori Zavascki, Ministro do Supremo Tribunal Federal e coordenador da relatoria da Operação Lava-Jato, na tarde de quinta-feira (19). Esse fato pode atrasar o andamento da operação, já que Teori estava caminhando para homologar as delações de executivos da Odebrecht.
EXPECTATIVA
A semana possui uma agenda interna mais fraca de indicadores, sendo também mais curta nos mercados, decorrente do feriado de Aniversário de São Paulo na quarta-feira (25/01), que fará com que não tenhamos pregão nesse dia. Esperamos ver quais serão as medidas a serem tomadas pelo presidente Michel Temer para a substituição do Ministro do STF, Teori Zavascki, e como este processo poderá impactar nos mercados, já que atrasos no andamento da Operação Lava-Jato podem trazer desconforto para alguns investidores, comprometendo o fluxo para o país.
Já no cenário internacional o destaque fica por conta da divulgação do PIB do 4º tri dos EUA que acontecerá na sexta-feira (27/01). Outro fator que merece acompanhamento no cenário internacional está relacionado às primeiras medidas a serem adotadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e por seu governo, que, caso mantenham a linha agressiva já conhecida, podem trazer volatilidade para o mercado global.
JUROS & BOLSA
JUROS
Nesta semana tivemos a divulgação da ata do COPOM, a qual deu continuidade ao entendimento visto na Nota à Imprensa emitida pelo Bacen na semana anterior. A ata abre espaço para novos cortes na taxa de juros, sinalizando que os responsáveis por ditar o tamanho dos próximos cortes a serem realizados serão os desempenhos dos dados econômicos divulgados. Diante destas informações, o mercado acredita que existe espaço para cortes mais expressivos na taxa Selic, com esta encerrando o ano abaixo de 10%, conforme divulgado no Relatório Focus de segunda-feira.
Apesar da previsão do mercado da taxa de juros abaixo de dois dígitos para o fim do ano, a Curva Juros Nominal, que apresentou novo fechamento em relação à semana anterior, ainda sinaliza uma taxa próxima a 10,8% para o mesmo período, abrindo espaço para novos fechamentos da curva nos vértices mais curtos. Nos vértices mais longos os juros ainda estão próximos a 11%, o que mostra a desconfiança dos investidores sobre a manutenção da taxa em patamares mais baixos por um período de tempo maior. Com relação à Curva de Juros Real, esta apresentou um deslocamento para cima da curva em todos os vértices, mas com destaque para os vértices mais curtos. Esse movimento sinaliza a crença dos investidores de que o governo conseguirá controlar a inflação, principalmente no curto prazo.
Neste cenário, mantemos as orientações da semana anterior, para ganhos tanto em ativos pré-fixados como os ativos indexados à inflação (LTN, NTN-F e NTN-B), podendo considerar os fundos IMA-B, IDKA e IRF-M, principalmente nos vértices mais longos que tendem a sofrer maior impacto das variações da Taxa Selic. Contudo, neste momento é necessário um acompanhamento mais próximo dos ativos prefixados, já que o fechamento da Curva de Juros Nominal diminui o espaço para ganhos.
BOLSA
A semana no mercado acionário iniciou calma com o mercado dos EUA fechado devido ao feriado de Martin Luther King, o que acabou por diminuir a liquidez dos mercados globais. O tom desta semana foi dado pela expectativa da posse do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e seus comentários polêmicos que geram incertezas de sua política aos participantes do mercado. Mesmo nesse cenário de incertezas, o Ibovespa encerrou a terceira semana consecutiva em alta, fechando na sexta-feira (20/01) aos 64.521 pontos, alta de 1,37% na semana e 7,13% em 2017. O rompimento dos 64 mil pontos pelo Ibovespa abre espaço para que se tente buscar nova resistência próximo aos 68 mil pontos, o que nos faz manter a recomendação de alocação em renda variável com alta correlação com o Ibovespa para movimentações táticas.
DESEMPENHO DOS INDICADORES
AGENDA DA SEMANA
Disclaimer: Este material foi preparado pela Quants Consultoria e possui caráter meramente informativo, não podendo ser reproduzido ou copiado sem a expressa autorização da mesma. As análises aqui contidas foram elaboradas a partir de fontes confiáveis e de boa-fé. As informações aqui apresentadas deverão ser consideradas confiáveis apenas na data em que este foi publicado. Ainda assim, a Quants Consultoria não garante, expressa ou tacitamente, exatidão, nem tampouco assertividade sobre os temas aqui abordados. Os materiais contidos neste documento são exclusivamente para fins de informação geral e não constituem consultoria ou recomendação para comprar ou vender investimentos. Algumas das afirmações aqui contidas podem ser consideradas afirmações de conotação futura, envolvendo expectativas atuais ou projeções para eventos futuros. Essas afirmações de conotação futura não constituem garantias de desempenho ou eventos futuros e envolvem riscos e incertezas. Todas as análises aqui contidas estão sujeitas a alteração sem aviso prévio. As opiniões aqui expressas não devem ser entendidas, em hipótese alguma, como uma oferta para comprar ou vender quaisquer títulos e valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros.