CENÁRIO
RETROSPECTIVA
De uma forma geral, o cenário internacional foi dominado pelos pronunciamentos do atual presidente americano, Donald Trump. Em seu primeiro dia útil de governo, Trump avisou que deixaria a parceria transpacífico e que renegociará os acordos com o NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio), com o argumento de não querer um livre comércio, mas sim um comércio justo. Ele também manteve o discurso populista/protecionista, reforçando que cortará expressivamente os impostos de empresas e classe média e estabelecerá elevados impostos de fronteira para empresas americanas que produzirem no exterior e quiserem vender seus produtos no país. Além disso, congelou a contratação de pessoal para cargos no governo, deixando de fora apenas a área militar e estabeleceu um plano para que as companhias americanas comprem o aço produzido no país. O resultado desse discurso e das políticas a serem implementadas pode ser observado após a sua reunião na terça-feira (24/01) com as maiores montadoras do país, que ao término do encontro reafirmaram a intenção de ampliar os investimentos internamente.
Outro ponto que voltou a gerar polêmica durante a semana foi a construção do muro de fronteira entre EUA e México, ao qual Trump afirmou que o México pagará por sua construção de qualquer forma, seja pela construção direta do muro ou por meio de impostos. A discussão sobre o assunto foi tão acirrada que fez com que o Presidente do México, Enrique Peña Neto, cancelasse visita agendada para essa semana ao presidente americano, que disse só haver sentido no encontro se o presidente mexicano fosse para discutir os termos para a construção do muro.
Do lado econômico, tivemos a divulgação na segunda-feira (23/01) do PMI (índice de atividade industrial) de janeiro que subiu para 55,1 contra 54,3 do resultado anterior, mostrando que a produção segue expandindo, na quinta-feira (26/01) o PMI de serviços de janeiro apresentando alta para 55,1 pontos contra 53,9 pontos divulgados anteriormente, os pedidos de auxílio desemprego subiram 22.000 posições para total de 259000 e na sexta-feira (27/01) a divulgação do PIB americano anunciado para o 4º tri foi de 1,9% anualizado, a confiança do consumidor de Michigan subiu para 98,5 em janeiro e as encomendas de bens duráveis cairam 0,4% em dezembro.
Já na Europa, o destaque ficou por conta orientação da Suprema Corte do Reino Unido de que a Primeira Ministra, Theresa May, deverá consultar o Parlamento antes da saída definitiva da União Europeia, com a Primeira Ministra já sinalizando o envio do documento sobre a saída com todos os planos. Essa decisão da Suprema Corte do Reino Unido trouxe especulações ao mercado quanto a possibilidade do país não sair da União Europeia, por menor que seja esta possibilidade. Do lado econômico tivemos a divulgação das prévias do PMI na Zona do Euro, com o índice Composto caindo de 54,4 para 54,3. Na Alemanha, o PMI de Manufaturados acelerou de 55,6 para 56,5 pontos e o de Serviços recuou de 54,3 para 53,2, levando o PMI Composto de 55,2 para 54,7. Na França, Manufaturados apresentou queda de 53,5 para 53,4, Serviços aumentou de 52,9 para 53,9 e o PMI Composto subiu de 53,4 para 53,8 pontos. Na quinta-feira (26/01) tivemos a divulgação do PIB do Reino Unido que manteve o ritmo de crescimento de 0,6% no trimestre e de 2,2% ao ano nesta primeira prévia, com destaque para Serviços como principal contribuição para o desempenho do PIB, com variação de 0,8% no trimestre e a divulgação do índice GFK de Confiança do Consumidor da Alemanha que apresentou aceleração para 10,2, superior aos 10 pontos esperado pelo mercado. Os índices divulgados demonstram que a região continua crescendo de forma consistente e moderada.
Aqui no Brasil começamos a semana com a divulgação do Relatório Semanal FOCUS do Bacen, o qual veio em linha com os resultados das semanas anteriores. O IPCA caiu de 4,8% para 4,71% na pesquisa desta semana e a Taxa Selic também apresentou redução, saindo de 9,75% na semana anterior para 9,5% nesta semana. Para o dólar o relatório manteve a projeção de R$ 3,40 para o fim do ano e para a Produção Industrial estima-se aumento de 1,00% em 2017. Também tivemos a divulgação do saldo da Balança Comercial até a terceira semana do mês, a qual apresentou um superávit de US$ 1,4 bi. Na parte da tarde da segunda-feira (13/01) o Bacen anunciou que fará uma reforma no depósito compulsório, muito mais com um objetivo de unificar as alíquotas do que propriamente mexer no depósito compulsório em si, mesmo assim, podemos esperar que possa fazer pequenos cortes na taxa e assim aumentar a liquidez do mercado.
Na terça-feira a Presidente do STF, Cármen Lúcia, autorizou a equipe de Teori Zavascki a retomar o processo de delações e junto com outros ministros do STF estuda a melhor a forma de eleger um novo relator para operação Lava-Jato. Também o Bacen anunciou o déficit em conta corrente referente ao ano de 2016 (US$ 23,5 bi), o que representa 1,3% do PIB brasileiro. Já os investimentos diretos, US$ 79,8 bi, representando no ano o valor de aproximadamente 4,36% do PIB. Melhor performance do saldo em conta corrente desde o ano de 2007 e do investimento direto no país desde 2014. Na quinta-feira (26/01) tivemos a deflagração da operação Eficiência, desdobramento da Operação Lava-Jato, para a prisão do empresário Eike Batista, alvo de um mandado de prisão preventiva, contudo, a polícia levantou que o empresário encontra-se fora do país. O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que já se encontra preso, também foi alvo de outro mandado, com outros quatro mandados de condução coercitiva sendo cumpridos, um deles contra Suzana Neves Cabral, ex-mulher de Sérgio Cabral. O Bacen também divulgou na quinta-feira que o estoque de crédito encolheu 3,5% em 2016 para R$ 3,1 tri, demonstrando a contração da economia para o período. A Inadimplência de pessoa jurídica caiu de 5,4% para 5,2% e na pessoa física caiu para 6,1% de 6,2%. Apesar do cenário de contração do crédito, a taxa de juros do rotativo de cartão de crédito subiu para 484,6%. Por fim na sexta-feira (27/01) a Petrobras decidiu reduzir o preço do diesel nas refinarias em 5,1%, aproximadamente, e o preços da gasolina em 1,4%, conforme anunciado na quinta-feira.
DESTAQUES DA SEMANA
Para a semana, temos a agenda com divulgação de diversos indicadores aqui no Brasil, sendo que na segunda-feira temos o IGP-M divulgado pela FGV, na terça-feira temos a taxa de desemprego divulgada pelo IBGE, a qual se espera que venha em 12% e na quarta-feira a divulgação da produção industrial. Outro fator relevante para a semana é o encerramento do recesso político de fim de ano, com o Congresso retomando as atividades, com as eleições para presidente da Câmara ocorrendo já na quinta-feira (02/02).
Já no cenário internacional o destaque fica por conta da divulgação da decisão da política monetária na quarta-feira pelo FOMC e a divulgação de indicadores de mercado de trabalho para o mês de janeiro na sexta-feira. É preciso lembrar que nesta semana, os mercados de China, Taiwan e Coreia do Sul ficam fechados até quinta-feira por conta do feriado de ano-novo.
JUROS & BOLSA
JUROS
As principais informações que trouxeram algum impacto para o mercado de juros podem ser atribuídas ao Relatório Semanal FOCUS que sinalizou nova redução da taxa Selic, caindo de 9,75% para 9,5% e a inflação desacelerando de 4,8% para 4,71% no final de 2017.
Mesmo com o mercado acreditando em tais reduções, a curva de Juros Nominal apresentou pouca variação nos vértices mais curtos, ficando em linha com a semana passada, e ainda sinalizando uma taxa próxima à 10,75% para o fim do ano. Já nos vértices mais longos é possível ver um fechamento da curva, sinalizando a crença de que o governo consiga exercer um melhor controle da inflação em um prazo mais longo e assim controlar a taxa de Juros Nominal. Já a curva de Juros Real, diferente da semana anterior, que apresentou abertura ao longo de toda a curva, esta semana a abertura ficou apenas nos vértices de curto e médio prazo, e apresentando fechamento nos vértices mais longos da curva. A abertura observada nos vértices mais curtos ainda carrega boa parte de uma desaceleração mais rápida da inflação em relação a uma redução mais lenta da taxa de juros, como vimos anteriormente, a taxa de Juros Nominal apresentou pouca variação em seus vértices mais curtos, fazendo com que esse efeito se reflita em uma taxa de Juros Rela mais elevada. Já o fechamento apresentado nos vértices mais longos é resultado da normalização da relação juros x inflação.
Neste cenário, mantemos as orientações já apresentadas, principalmente por causa da estabilização da curva de Juros Nominal dessa semana, podendo abrir espaço para ganhos tanto em ativos pré-fixados como os ativos indexados à inflação (LTN, NTN-F e NTN-B), podendo considerar os fundos IMA-B, IDKA e IRF-M, principalmente nos vértices mais longos que tendem a sofrer maior impacto das variações da Taxa Selic. Contudo, neste momento é necessário um acompanhamento mais próximo dos ativos prefixados, já que o fechamento da Curva de Juros Nominal diminui o espaço para ganhos.
BOLSA
A semana foi mais curta para o mercado acionário brasileiro devido ao feriado de Aniversário de São Paulo na quarta-feira (25/01). Apesar da semana mais curta, o Ibovespa seguiu a tendência dos mercados internacionais e fechou a quarta semana consecutiva em alta, encerrando a sexta (27/01) aos 66.033 pontos, alta de 2,34% na semana e de 9,64% em 2017. Os constantes rompimentos de resistência continuam sinalizando a busca do próximo alvo dos 68 mil pontos, o que nos faz manter a recomendação de alocação em renda variável com alta correlação com o Ibovespa para movimentações táticas.
DESEMPENHO DOS INDICADORES
AGENDA DA SEMANA
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