CENÁRIO
RETROSPECTIVA
Este Relatório sofreu um atraso proposital em sua elaboração e divulgação. Hoje, dia 07/03/2017, o IBGE divulgou as informações referentes as Contas Nacionais de 2016. A informação mais esperada dentre todas as divulgadas é a variação do PIB (Produto Interno Bruto). Pois bem, a queda no indicador foi de 3,6% em 2016, um pouco maior do que se esperava, em torno de 3,5%, como apresentamos no Relatório de 16/01/2017.
Ao ser entrevistado hoje, o Ministro da Fazenda, Henrique Meireles disse que as informações divulgadas hoje são como olhar no retrovisor do carro enquanto se dirige. Concordo com ele, mas o bom motorista olha para a frente e também cuida do que vem de trás para que sua direção seja segura e chegue bem ao destino almejado. Assim, cabe analisar as informações divulgadas e delas tentar tirar lições que nos conduzam a uma expectativa de recuperação que alguns indicadores começam a apontar no início de 2017.
Em dois anos, o PIB brasileiro caiu 7,2%, atingindo em valor corrente o montante de R$6,266 trilhões. Este valor é o mesmo patamar que se atingiu no terceiro trimestre de 2010! Sim, a queda da produção que observamos desde o segundo trimestre de 2014 resultou na anulação do crescimento observado na economia brasileira em 2011, 2012 e 2013!
Ao desmembrar os números percebemos alguns pontos interessantes. O primeiro se refere à Indústria, que teve um decréscimo de 3,8% em 2016. Este número é melhor do que a queda de 6,2% observado em 2015. Desta forma, percebe-se que a produção industrial caiu menos, mas a reação desta produção ainda deve passar pelos indicadores do primeiro trimestre de 2017, que devem ainda apresentar uma queda.
O setor de serviços teve retração de 2,7% e a agropecuária diminuiu 6,6%. A queda da produção destes setores da economia permite concluir que em 2016 todos os setores do PIB tiveram retração, diferente do que ocorreu em 2015. Isso nos coloca o ano de 2016 como aquele de maior impacto do processo recessivo deste o início da mensuração das contas nacionais em 1948.
Em 2016, a taxa de investimento atingiu 16,4% do PIB, ficando abaixo dos 18,1% de 2015. Enquanto que a taxa de poupança também apresentou queda de 13,9% do PIB em 2016, frente a uma taxa de 14,4% em 2015. Desta forma, pode-se indicar que a queda no investimento pode criar dificuldades para a retomada da produção em 2017.
Terminamos chamando a atenção para algo já mencionado nos Relatórios anteriores, a queda na produção brasileira foi bastante significativa até então, tornando a retomada da economia não é tão trivial como muitos analistas colocam.
JUROS & BOLSA
JUROS
A divulgação do Relatório Semanal Focus só foi realizada na quarta-feira (01/03) por conta do feriado de Carnaval. O relatório sinalizou nova queda na expectativa da inflação para 2017 em relação à semana anterior (4,36% x 4,43%) e uma queda na taxa Selic para 9,25%, após esta ficar por quatro semanas em 9,5%, reflexo da reunião do Copom realizada na semana anterior.
Apesar do corte de 0,75% já ter sido definido como a “velocidade de cruzeiro” para os cortes da taxa Selic, a divulgação da ata na quarta-feira aumentou as expectativas para que cortes mais expressivos sejam realizados, apesar dessa linha ainda não ser um consenso entre os analistas no mercado até o momento.
A curva de Juros Nominal continua sinalizando juros de apenas um dígito para o curto prazo (refletindo a continuação dos cortes pelo Bacen), com fechamento mais expressivo nos vértices de curto e médio prazo. No longo prazo, mesmo com a curva sinalizando fechamento este movimento foi menor, o que pode sinalizar uma acomodação nestes patamares ou apenas reflexo da curta semana. Na curva de Juros Real nota-se movimento semelhante à de Juros Nominal no que diz respeito aos vértices de curto e médio prazo, mas nos vértices mais longos é possível observar leve abertura da curva, o que sinaliza a manutenção dos juros Nominais e a redução da inflação para os períodos mais longos.
Dessa forma, a equipe da Quants Consultoria segue acreditando que em um cenário de possibilidade de cortes mais expressivos na taxa Selic, a exposição pontual em títulos, tanto pré como indexados a inflação, de vencimentos mais longos (devido estes apresentarem maior impacto das oscilações das taxas de juros) tendem a trazer retornos mais expressivos para a carteira. Uma amostra disso são os resultados apresentados pelos índices IDKA 10, 15, 20 e 30 que apresentam retorno interessante no ano: 7,16%, 9,93%, 12,73% e 18,59% respectivamente. Estes retornos são reflexos dos cortes das taxas de juros já realizados e da expectativa dos cortes que ainda ocorrerão. Com a expectativa de que o Banco Central reduza a Selic abaixo de 10%, isso seria uma redução de no mínimo 250 pontos percentuais da taxa atual, movimento essa que ainda poderá ser aproveitado pelos títulos mais longos, mesmo com parte desse movimento já precificado. Contudo, conforme o tempo passa, o resultado tende a ser menos expressivo.
BOLSA
A Semana foi curta para o mercado acionário local em função do feriado de Carnaval, o que fez com tivéssemos apenas dois pregões e meio de negociação. Apesar do feriado, a bolsa encerrou a semana em leve alta de 0,18%, com o Ibovespa fechando na sexta-feira (03/03) aos 66.785 pontos, em linha com os principais mercados do mundo. Mesmo com poucos dias de negociação a semana apresentou volatilidade em seus pregões, com a quinta-feira encerrando o dia com queda 1,69% e a sexta-feira com alta de 1,41%. Estes dois movimentos são os dois lados de uma mesma moeda. A queda de quinta-feira refletiu o discurso do dirigente do Fed, Jerome Powel, que avaliou ser possível um aumento na taxa de juros americana já na reunião de março, o que trouxe aversão aos investimentos de riscos e fez com que os investidores realizassem os lucros. Contundo, no dia seguinte, a presidente do Fed, Janet Yellen, em seu discurso, adotou um tom mais moderado em relação ao aumento da taxa de juros, o que trouxe um pouco de calma para os mercados e impactando diretamente no Ibovespa que respondeu fechando em alta no último dia da semana. Assim, o Ibovespa mantém-se acima dos 66 mil pontos e por isso, continuamos acreditando que a bolsa ainda tem espaço para subir, mesmo com o atual cenário político/econômico, decorrente de uma realocação do capital que era destinado a aplicações em renda fixa e que agora tendem a procurar novo destino em função da queda da taxa Selic. Movimentos curtos de operações táticas, com fundos que possuem beta elevado em relação ao Ibovespa é uma estratégia ainda válida para se aproveitar dos movimentos de volatilidade, a segunda estratégia é começar a olhar para fundos que possuem boa visão do cenário macroeconômico (top-down) para iniciar posições de prazo mais longo e assim aproveitar um movimento mais lento de retomada da economia.
DESEMPENHO DOS INDICADORES
AGENDA DA SEMANA
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