CENÁRIO
RETROSPECTIVA
O IPCA de fevereiro, divulgado na semana passada, trouxe a confirmação da desaceleração da inflação, atingindo 0,33%. Este valor foi o menor deste mês desde 2000, ficando abaixo dos 0,43% que o mercado previa pela coleta Bloomberg. Esta informação influenciou o Relatório Focus do Banco Central divulgado hoje, 13/03/2017. As expectativas do mercado para o IPCA em 2017 caíram para 4,19%, frente ao valor anterior de 4,36%. Para o ano de 2018, as expectativas foram mantidas em 4,5%. A expectativa da Quants é que o IPCA para 2017 feche abaixo de 4%, pois a atividade econômica demorando a decolar, provocará mais queda nos preços do que o mercado está prevendo.
Claro que esta queda na inflação abre espaço para que a política de queda dos juros continue em sua trajetória descendente. O mercado prevê uma Selic em 9% ao final de 2017 e uma taxa de 8,75% ao final de 2018. Nós da Quants, pensamos que a queda será um pouco maior neste ano, ficando abaixo dos 8,5%, pois prevemos que a atividade econômica terá dificuldade em responder aos estímulos propostos pela política econômica atual.
Nesta semana o Fed divulgará sua decisão acerca da taxa de juros básica para o próximo período. Esperamos que o Fed antecipe a normalização de sua política monetária, com uma elevação da taxa de juros do país em decisão a ser anunciada nesta quarta-feira. A justificativa para isso parte da indicação de que a atividade econômica continua se fortalecendo desde o início de 2017 e de que a inflação está acelerando gradualmente, exigindo ações afirmativas.
Na quarta-feira, ainda nos EUA, serão divulgados os dados de vendas do varejo e de inflação ao consumidor, ambos do mês passado. Espera-se uma elevação em ambos indicadores.
Outro ponto de destaque é a China, que divulgará na segunda-feira os resultados do primeiro bimestre da produção industrial, das vendas do varejo e dos investimentos em ativos fixos. Com base nesses resultados, o mercado poderá ganhar confiança de que a economia chinesa conseguirá manter um ritmo de crescimento razoável neste primeiro trimestre.
Ao longo desta semana conheceremos mais indicadores que nos permitirão verificar que a economia brasileira aponta queda na inflação, o IGP-10 será um deles. Ainda teremos que aguardar até a próxima semana para avaliar novos indicadores do nível de atividade.
JUROS & BOLSA
JUROS
A divulgação do Relatório Semanal Focus na segunda-feira (06/03) sinalizou queda marginal de 0,44% para 0,43% para o IPCA de fevereiro e manutenção na expectativa da inflação para 2017 em 4,36%. Com relação à taxa Selic, esta também apresentou manutenção em relação a semana anterior, mantendo a previsão da taxa para 9,25% para 2017.
Apesar do Relatório Focus apresentar estabilidade em suas projeções, na sexta-feira (10/03), o IBGE divulgou a inflação para o mês de fevereiro, a qual veio bem abaixo do valor projetado pelo relatório, 0,33% x 0,43%, valor este que acumula no período de 12 meses inflação de 4,76%, abaixo de 5% e caminhando para o centro da meta. A divulgação de um IPCA mais baixo que o esperado demonstra a contínua desaceleração dos preços, o que sinaliza a possibilidade de uma taxa de corte maior por parte do Banco Central na próxima reunião do Copom.
Com um IPCA mais fraco, a curva de Juros Nominal continua sinalizando juros de apenas um dígito para o curto prazo (refletindo a continuação dos cortes pelo Bacen, com aumento da possibilidade de corte de 1% na reunião de abril), com fechamento mais expressivo nos vértices de curto e médio prazo. No longo prazo, a curva apresenta acomodação, o que tende a sinalizar expectativas de estabilização na taxa de Juros Real e na taxa de inflação. Na curva de Juros Real nota-se movimento semelhante à de Juros Nominal, tanto nos vértices curtos como nos longos, resultado de ajustes na política econômica ao longo do tempo.
Dessa forma, a equipe da Quants Consultoria segue acreditando que em um cenário de possibilidade de cortes mais expressivos na taxa Selic, a exposição pontual em títulos, tanto pré como indexados a inflação, de vencimentos mais longos (devido estes apresentarem maior impacto das oscilações das taxas de juros) tendem a trazer retornos mais expressivos para a carteira. Uma amostra disso são os resultados apresentados pelos índices IDKA 10, 15, 20 e 30 que apresentam retorno interessante no ano: 7,29%, 10,08%, 12,93% e 18,92% respectivamente. Estes retornos são reflexos dos cortes das taxas de juros já realizados e da expectativa dos cortes que ainda ocorrerão. Com a expectativa de que o Banco Central reduza a Selic abaixo de 10%, isso seria uma redução de no mínimo 250 pontos percentuais da taxa atual, movimento essa que ainda poderá ser aproveitado pelos títulos mais longos, mesmo com parte desse movimento já precificado. Contudo, conforme o tempo passa, o resultado tende a ser menos expressivo.
BOLSA
A semana foi marcada por diversos eventos importantes, tanto internos como externos, que resultaram em aumento da aversão ao risco por parte dos investidores. Apesar da bolsa fechar a sexta-feira (10/03) com leve alta de 0,14%, encerrou a semana com queda expressiva de 3,16%, o que fez com o Ibovespa encerra-se a semana abaixo do suporte psicológico dos 65 mil pontos, cotado à 64.675 pontos, mas ainda assim apresentando alta de 7,39% em 2017. O aumento da aversão ao risco vem sendo refletido na contínua saída de capital dos investidores estrangeiros, que até o dia oito de março já haviam retirado R$ 2 bilhões. A crescente aversão ao risco é reflexo de uma miscelânea de acontecimentos como a queda dos valores das commodities, principalmente minério de ferro e petróleo, que impactam diretamente no desempenho do Ibovespa e a divulgação de resultados cada vez melhores da situação de emprego nos EUA, o que faz aumentar a probabilidade de elevação da taxa de juros americana pelo Fed, resultando em migração do capital em ativos de risco para ativos mais seguros, como os títulos do tesouro americano. Esse movimento de maior aversão ao risco e o rompimento do suporte psicológico dos 65 mil pontos acende a luz amarela para novos movimentos de aplicação em ativos com beta elevado, exigindo cautela dos investidores nesse primeiro momento. Faz-se importante acompanhar o desempenho do Ibovespa ao longo dessa semana para avaliar o seu comportamento e ver se confirmará esse rompimento de suporte ou se voltará ao patamar anterior. Caso ocorra confirmação o índice deverá buscar novo suporte próximo aos 62.500 pontos. Durante essa semana seria prudente manter o acompanhamento do mercado e evitar movimentações expressivas para novas alocações sem uma definição clara de direcionamento do índice.
DESEMPENHO DOS INDICADORES
AGENDA DA SEMANA
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