No mundo das aplicações financeiras, o Regime Próprio tem uma característica peculiar em relação aos outros fundos: ele gere contribuições obrigatórias de terceiros.
Ou seja, em um fundo de pensão privado, por exemplo, o participante pode optar pela entrada ou pela saída do fundo se entender ser o mais adequado para o seu dinheiro.
Já em um RPPS, a situação não funciona assim. Os contribuintes são obrigados, por lei, a efetuar a contribuição.
Por este motivo, a tarefa de gestão de investimentos de um Regime Próprio exige uma responsabilidade ainda maior por conta de seus gestores.
Para auxiliar na gestão do capital, podemos sempre utilizar de recursos estatísticos para avaliar e comparar ativos de investimento. Abaixo, listaremos brevemente três potentes indicadores: Volatilidade, VaR e Sharpe.
Principais indicadores financeiros para gestão de investimentos:
1. Volatilidade
A volatilidade, quando aplicada às finanças, é a medida estatística da dispersão dos retornos para um dado ativo financeiro em um dado período de tempo. Ela mede o quão distante do retorno esperado (retorno médio) o retorno do ativo está.
Ou seja, é por meio da volatilidade que estima a quantia de incerteza sobre a rentabilidade de um ativo financeiro. Quanto maior a volatilidade, maior a incerteza e, consequentemente, maior o risco.
Como a volatilidade é calculada?
A forma mais comum de calcular-se a volatilidade é via o desvio-padrão. A partir de uma série histórica de cotas, calcula-se o quão distante os retornos dos ativos estão em relação ao retorno médio das cotas para esse determinado período de tempo.
Outra forma de calcular-se a volatilidade é via o conceito de variância, que é o desvio-padrão elevado ao quadrado.
Aplicação da volatilidade na gestão de investimentos
Ações têm uma alta volatilidade: o preço de uma ação pode subir ou cair vários pontos percentuais em um único dia. Em títulos públicos federais, a NTN-B (especialmente as com vencimentos mais longos) possuem alta volatilidade, com seu preço de mercado podendo flutuar consideravelmente fora da curva ao longo dos dias.
Um exemplo de um ativo com baixa volatilidade é o Tesouro Selic (LFT): como seu rendimento está atrelado à Taxa Selic, que é fixada a cada 45 dias, e a um pequeno ágio ou deságio, também fixo na hora da compra, não existem variáveis que façam o preço de mercado deste título flutuar.
2. VaR
O VaR (do inglês, Value at Risk, Valor em Risco) é uma medida estatística utilizada para medir o nível de risco de um ativo financeiro sobre um determinado período de tempo.
O Value at Risk é utilizado para calcular qual é a perda máxima esperada do ativo em questão em um determinado horizonte de tempo e atrelada a um determinado intervalo de confiança.
Por exemplo, se o VaR de um fundo para 1 dia com 99% de confiança é de R$500.000,00, isso significa que a perda máxima prevista para acontecer no período de tempo correspondente a um dia, com 99% de confiança, é de R$500.000,00.
Como o VaR é calculado?
O valor do VaR é encontrado ao multiplicar-se o desvio-padrão (que é uma das formas de se calcular a volatilidade, como apresentado acima) de uma série de cotas históricas pelo chamado Fator Z. Esse fator é definido pela função inversa da função distribuição acumulada da distribuição normal, para o índice de confiança escolhido (normalmente, 90%, 95% ou 99%).
Aplicação do VaR na gestão de investimentos
O Value at Risk é uma importante métrica para se utilizar na compra de um fundo para medir o seu risco. Quanto mais alto o VaR, maior o risco. Quanto menor o VaR, menor o risco. Lembrando que, costumeiramente, maiores retornos estão atrelados a maiores riscos.
Se um fundo possui rentabilidade maior que a média, é possível que também tenha um VaR maior que os demais fundos. O VaR, auxiliado à volatilidade, auxilia na escolha do montante a se aplicar em um fundo, para não incorrer de o instituto ter perdas muito grandes em determinados períodos de tempo.
3. Índice de Sharpe
O índice Sharpe foi criado pelo ganhador do prêmio Nobel de Economia William Forsyth Sharpe. Esta métrica indica qual foi o prêmio, ou seja, qual foi retorno médio ganho em excesso quando comparado à um ativo livre de risco.
Como o Índice de Sharpe é calculado
A fórmula de cálculo desse índice leva em conta a rentabilidade histórica do ativo e a rentabilidade histórica do ativo livre de risco, para o mesmo determinado período de tempo.
Um Sharpe que resulte em 1.00 significa que o ativo rendeu exatamente o que o IMA-S rendeu. Um valor superior a 1.00 representa que houve um prêmio, um excesso de retorno em relação ao IMA-S. Um valor inferior a 1.00 indica que o ativo rentabilizou menos do que o IMA-S. O Sharpe é, então, um importante índice na análise do risco de uma ativo financeiro.
Aplicação do Índice de Sharpe na gestão de investimentos
É comum a utilização da rentabilidade do CDI como rentabilidade do ativo livre de risco no cálculo do Sharpe. Tecnicamente falando, isso representa um erro, pois o CDI não é acessível diretamente aos Regimes Próprios.
Os institutos conseguem investir em fundos indexados ao CDI, mas nunca diretamente em CDI. Uma métrica mais correta em se utilizar é o IMA-S (que representa o somatório de todos os papéis do Tesouro Selic).
Métricas e indicadores são o pilar para uma boa gestão de investimentos
Nosso objetivo neste artigo foi apresentar brevemente estes três indicadores importantíssimos na gestão de investimentos de um RPPS.
Nos próximos textos, detalharemos mais sobre estas medidas, com exemplos práticos para facilitar o entendimento. Fique ligado!