CENÁRIO
RETROSPECTIVA
O resultado do IPCA de janeiro veio mais baixo e comprovou a expectativa de desaceleração inflacionária que os demais indicadores estavam apresentando. Mesmo o mês de janeiro sendo um mês de aceleração nos preços, houve a desaceleração. Estes números fazem com que as expectativas do IPCA para o final de 2017 e de 2018 caiam mais ainda. Para 2017, as previsões estão em torno de 4,3%, mas para 2018 a tendência é que caia para 3,7%. Em nossa opinião, há uma abertura para que se faça uma diminuição da meta de inflação para 4%, rompendo a barreira dos 4,5% estabelecidos em 2005. Este ponto é muito importante para permitir ao Brasil que vá se adequando ao que observa de inflação em países desenvolvidos e emergentes.
A atividade econômica ainda merece um estudo mais aprofundado. Há indicadores que apresentam sinais de estabilização. Para quem percebeu quedas sucessivas da atividade econômica desde 2014, parar a queda parece algo bom. Esta sensação ainda intriga muitos analistas do mercado, pois cada indicador que é divulgado mostra sinais diferentes, uns apresentando alta e outros mostrando queda. Desta forma, há indícios de que estamos num momento de estabilização da economia. O ponto de dúvida que deixamos para discutir em próximos relatórios é se os indicadores continuarão com estas mudanças de sinal e por quanto tempo isso ainda durará. Alguns analistas fazem a previsão de que a atividade econômica deverá crescer já no primeiro trimestre de 2017, mas têm uma expectativa de 0,5 a 1% de crescimento do PIB para 2017. Nós, da Quants, estamos relativamente conservadores diante dos números apresentados e dos acontecimentos que precisam de solução ao longo de 2017.
Um dos acontecimentos que surgiram na última semana foi a crise verificada no Espírito Santo. No que importa aos nossos clientes interessados em análise de investimentos, podemos tomar este caso como fundamental. Esta crise é fruto da crise fiscal crônica por que passam os estados brasileiros. As medidas de combate a esta crise deverão trazer diversos movimentos próximos a este. O ponto de expectativa é como estes movimentos serão tratados, pois os estados não têm margem alguma para atender aos pedidos de reajuste salarial que surgem a todo momento. Portanto, o equilíbrio fiscal que se busca no Brasil depende também das medidas que serão adotadas nos estados diante destas crises. Outro ponto é a condução das reformas, tendo a da previdência como a mais relevante. Há uma expectativa de que em 2017 esta reforma seja aprovada e possa dar uma solução para as contas públicas no longo prazo. Os pontos levantados aqui podem interferir nas expectativas dos investidores que poderão aumentar ou não os investimentos na economia, determinando o ritmo de retomada.
As medidas apontadas pelo governo Trump ainda não permitem aos analistas uma visão clara do que deve ocorrer nos próximos trimestres. Apesar das turbulências verificadas nas questões políticas, não se consegue ainda uma diretriz para a economia que possa ditar o ritmo de crescimento e outros indicadores. O que se têm é receio de que as medidas políticas polêmicas possam prejudicar o desenvolvimento da economia que vem sob responsabilidade das ações do governo Obama.
As informações sobre a China apontam uma estabilidade da economia em termos de produção, reservas internacionais, balança comercial e mercado de crédito. A área do Euro segue com indicadores que demonstram crescimento do PIB no primeiro trimestre do ano e a expectativa de inflação mais elevada. Há uma avaliação de que a economia destes países deve se manter na trajetória de crescimento lento sem grandes modificações são longo de 2017.
JUROS & BOLSA
JUROS
A semana para os juros iniciou com a divulgação do Relatório Semanal Focus sinalizando inflação marginalmente inferior à semana anterior (4,64% x 4,70%) e com taxa Selic estável em 9,5% para o ano de 2017. Contudo, na quarta-feira (08/02) o IBGE divulgou o IPCA para o mês de janeiro, o qual o mercado mantinha suas expectativas entre 0,47% e 0,51%, e sua divulgação veio bem abaixo, 0,38%, sendo o menor número para os meses de janeiro desde 1994, registrando no período acumulado de 12 meses 5,35%, resultado expressivamente inferior registrado nos 12 meses imediatamente anteriores (6,29%).
A constante sinalização de uma inflação cada vez menor para 2017 abre espaço para que cortes mais expressivos na taxa Selic ocorram, e o reflexo dessa expectativa pode ser observado no movimento apresentado nas Curvas de Juros Nominal e Real. Ambas apresentaram fechamento da curva em todos os seus vértices, movimento este que representa a crença de que na reunião do dia 22 de fevereiro possa ocorrer um corte de 1,00% na Selic e não 0,75%, levando a taxa para 12% a.a.
Neste cenário de possibilidade de cortes mais expressivos na taxa Selic, a exposição pontual em títulos, tanto pré como indexados a inflação, de vencimentos mais longos (devido estes apresentarem maior impacto das oscilações das taxas de juros) tendem a trazer retornos mais expressivos para a carteira. Uma amostra disso são os resultados apresentados pelos índices IDKA 10, 15, 20 e 30 que apresentam retorno interessante no ano: 5,83%, 7,63%, 9,41% e 13,10% respectivamente. Com a expectativa de que o Banco Central reduza a Selic abaixo de 10%, isso seria uma redução de no mínimo 325 pontos percentuais da taxa atual, movimento essa que ainda poderá ser aproveitado pelos títulos mais longos, mesmo com parte desse movimento já precificado.
BOLSA
A bolsa encerrou a semana com nova alta, ainda não é possível avaliar se este movimento é uma retomada da tendência das primeiras semanas do ano ou apenas um movimento isolado, mas o Ibovespa rompeu novamente os 65.000 pontos, encerrando a sexta (10/02) aos 66.124 pontos, alta de 1,8% na semana, acumulando valorização de 9,79% em 2017. A semana foi marcada por grande volatilidade, internamente decorrente de diversos problemas políticos e externamente pela medidas adotadas pelo presidente americano, Donald Trump, que novamente dominou o cenário. Continuamos acreditando que a bolsa ainda tem espaço para subir, mesmo com a atual imprevisibilidade vinda do governo americano. Movimentos curtos de operações táticas, com fundos que possuem beta elevado em relação ao Ibovespa é uma estratégia ainda válida para se aproveitar dos movimentos se volatilidade, a segunda estratégia é começar a olhar para fundos que possuem boa visão do cenário macroeconômico (top-down) para iniciar posições de prazo mais longo e assim aproveitar um movimento mais lento de retomada da economia.
DESEMPENHO DOS INDICADORES
AGENDA DA SEMANA
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