CENÁRIO
RETROSPECTIVA
Na semana passada o COPOM diminuiu a Taxa Selic em 75 pontos percentuais. Em princípio, o mercado esperava uma queda de 50 p.p., mas houve uma mudança na política monetária que tende a ser mantida nas próximas reuniões.
Esta decisão do Banco Central desperta nos analistas da Quants Consultoria algumas inquietações que dividimos com nossos leitores. Os números da economia brasileira, divulgados desde o mês de dezembro de 2016, vêm modificando a previsão do mercado para baixo tanto da inflação, quanto da atividade econômica. A retração da inflação tem uma grande parcela de responsabilidade das sucessivas quedas na atividade econômica. A oscilação dos indicadores de produção e desemprego não esconde a tendência de queda dos mesmos ao longo do tempo. A recuperação prevista da economia brasileira em 2017 já dá lugar a uma perspectiva de estagnação do PIB no patamar de 2016. Contudo, o nível do PIB em 2016 ainda é uma incógnita. Espera-se uma retração em torno de 3,5% em relação a 2015, mas as informações de novembro não nos permitem segurança nas previsões para dezembro. As revisões para baixo nestes indicadores nos fazem pensar que a crise da economia brasileira ainda levará a algumas revisões de previsão neste início de ano para a economia em 2017 e 2018.
A ação do Banco Central na queda da Taxa Selic deverá impactar a atividade econômica ao longo de 2017, para uma retomada mais consistente em 2018. A ata do COPOM, a ser divulgada em 17/01, nos dará mais informações para compreender a totalidade das condições de indicadores que levaram a decisão de acelerar o corte de juros.
A economia mundial passa por um momento de expectativa em relação a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. A partir de então as diretrizes a serem seguidas em termos políticos e econômicos devem ficar mais claros. Por hora, há uma incógnita que não nos leva a previsões consistentes. Os números apresentados pela economia dos Estados Unidos indicam um avanço moderado na recuperação da economia. As melhoras em alguns indicadores num mês acabam gerando previsões de crescimento que não são confirmadas no mês seguinte. Esta oscilação indica ainda uma inconsistência na tendência de longo prazo.
A Europa apresenta um cenário de avanço mais consistente nos indicadores, a própria inflação vem crescendo, acompanhando o crescimento do PIB dos países. O problema é que isso ocorre na média dos países da área do Euro, mas há diferenças entre os países e a política monetária unificada acaba promovendo impactos diferentes. Estas diferenças podem reverter em tensões políticas, com avanço dos partidos que defendem a saída da unificação, como ocorrido no Reino Unido. Estes fatos podem criar problemas para a economia da região nos próximos períodos. Além de toda a expectativa com o que ocorrerá nos Estados Unidos.
EXPECTATIVA
Em relação à inflação, nossa avaliação é que a probabilidade de outro corte de 75 p.p., na reunião do Copom de 22 de fevereiro é bastante elevada, e essa é a projeção da Quants Consultoria. Reconhecemos, também que neste ritmo de queda, a nossa projeção de que a Selic termine o ano abaixo dos 10% fica mais consistente. Teremos um quadro mais completo sobre o processo decisório do Copom com a divulgação da ata, na próxima terça-feira, às 08:30, horário, de Brasília.
A análise retrospectiva anterior aponta que no curto prazo, a atividade econômica tem mostrado fraqueza maior que a esperada, sobretudo na indústria, a despeito de alguns indicadores setoriais mais promissores. Dessa forma, o PIB deve apresentar novo recuo no quarto trimestre de 2016, atingindo -0,7%. Antes a previsão estava em torno da estabilidade. Isso implica em agravamento dos indicadores para 2017. Contudo, os fundamentos de demanda seguem estáveis na margem, o que deve possibilitar uma pequena expansão da economia em 2017. Então, revisamos nossa projeção de PIB em 2017 para 0,9%, antes a previsão estava em torno de 1,7%.
Na questão política, percebe-se avanço nas articulações quanto as reformas da previdência. Contudo, a condução da Política Fiscal por parte do Governo Federal ainda encontrará desafios postos pelo desequilíbrio financeiro dos Estados e dos Municípios. A resposta que o governo dará com ações efetivas é que nos permitirão avaliar os impactos na economia brasileira. Por hora, há um horizonte de incerteza que nos conduz a aguardar o início dos trabalhos parlamentares de 2017 e perceber o rumo das negociações com Estados e Municípios.
JUROS & BOLSA
JUROS
A semana, para os juros, foi marcada por um evento em especial, o corte da Taxa Selic em 75 pontos percentuais, que foi divulgada no fim de quarta-feira (11). Apesar da grande maioria dos analistas esperarem um corte de 50 p.p., um corte de 75 p.p. não seria nenhuma surpresa. Contudo, na quinta-feira os mercados reagiram com forte deslocamento da curva de juros, tanto a de Juros Real como a de Juros Nominal, conforme pode ser observado nos gráficos. O deslocamento demonstra a expectativa de uma taxa de juros Real próximo a 5,3% para o fim do ano e taxa Nominal entre 10,75% e 10,50%. Porém, conforme comentado no texto Retrospectiva, acreditamos que se o Banco Central mantiver o atual ritmo de corte a taxa pode encerrar 2017 abaixo de 10%.
Esse movimento mais expressivo de corte realizado pelo Banco Central demonstra sua crença na desaceleração da inflação (a qual fechou em 0,30% em dez/2016, abaixo das expectativas do mercado de 0,34%, encerrando o ano em 6,29%, abaixo da banda superior da meta de inflação) que tem sido impactada pelos fracos números de atividade da economia brasileira.
Este movimento mais acentuado pode abrir espaço para ganhos tanto em ativos pré-fixados como os ativos indexados à inflação (LTN, NTN-F e NTN-B), podendo considerar os fundos IMA-B, IDKA e IRF-M, principalmente nos vértices mais longos que tendem a sofrer maior impacto das variações da Taxa Selic.
BOLSA
Apesar de fechar a sexta-feira em queda, o Ibovespa encerrou a semana cotado a 63.651 pontos, com valorização de 3,22% na semana e 5,69% em 2017. Assim como o mercado de juros, o mercado de renda variável também aguardava a divulgação da nova Taxa Selic por parte do Banco Central, sendo um dos principais fatores para o desempenho do Ibovespa ao longo da semana. Prova disso, foi que da alta de 3,22% acumulada na semana, boa parte foi resultado da alta ocorrida na quinta-feira após a divulgação da taxa, com o índice nos primeiros 10 minutos de negociação superando os 64 mil pontos. Essa movimentação é o reflexo dos investidores acreditando cada vez mais na queda consistente dos juros, o que faz com que procurem obter retornos mais expressivos em ativos mais arriscados. Contudo, apesar da alta apresentada em 2016 e no início deste ano, o cenário ainda é incerto para o mercado de bolsa. Os números da economia ainda não apresentam indicação de mudança para um cenário mais otimista, com uma taxa de desemprego elevada, produção industrial em queda e as constantes indefinições políticas. Fica difícil dizer que já estamos em um bom momento para retomarmos o investimento em bolsa. Porém, a volatilidade apresentada na bolsa abre oportunidade para movimentos táticos, buscando obter retorno em movimentos de curto prazo apresentados pela bolsa.
DESEMPENHO DOS INDICADORES
AGENDA DA SEMANA
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