CENÁRIO
RETROSPECTIVA
A queda de 0,75 pontos percentuais na Taxa Selic, ocorrida na semana passada, apresenta uma direção de queda acentuada nos juros ao longo de 2017. Claro que esta queda será na Selic, considerada a taxa básica da economia, que influenciará a curva de juros de todos os títulos públicos e privados emitidos no país. Gostaria, no entanto, de chamar a atenção para um ponto muito pouco discutido nos relatórios de forma geral. Os juros bancários tendem a cair muito pouco e, muitas vezes, nem mesmo sofrer modificações perceptíveis. O spread bancário no Brasil é muito elevado e a estrutura concentrada do Sistema Bancário inibe que quedas na taxa básica de juros cheguem até o cliente final, o tomador de empréstimos bancários. Este “detalhe” faz com que a queda da Taxa Selic, conduzida pelo Banco Central, com o objetivo de diminuir os efeitos da crise econômica, estimulando consumo e investimento, tenha pouco efeito. Assim, a retomada do crescimento da produção e consumo, não pode somente depender da queda na taxa básica, há de chegar até os juros dos bancos de maneira efetiva, caso contrário, o crédito continuará caro e pouco efetivo para expandir a Economia Brasileira em 2017.
A queda da inflação e o aumento na confiança do consumidor tem sido um fator importante para as projeções de crescimento da economia. Contudo, há ainda uma expectativa em torno da condução das Reformas no Congresso Nacional. Os analistas da Quants Consultoria pensam que somente a aprovação das Reformas da Previdência e Tributária darão as condições para queda sustentada da taxa de juros e mudança na atuação do Sistema Bancário, que tornará o Brasil um país próximo do que se observa nos demais colegas Emergentes.
Para os RPPS’s vai uma observação importante: se todas as Reformas e ações do governo atual seguirem o que foi anunciado e permitirem a queda dos juros, os retornos elevados das aplicações em Renda Fixa deverão desaparecer, exigindo uma reformulação nas estratégias de investimento. Claro que todos já tem isso muito claro, mas acreditar nisso é pensar em tomar decisões agora, pois assim conseguirão elevar os rendimentos de suas carteiras antecipando junto com os demais membros do mercado que já estão mudando suas posições.
O Carnaval chegou e há uma máxima no Brasil que o país começa a andar em 2017 apenas após a quarta-feira de cinzas! Se isso for verdade, espera-se que as decisões passem a serem implementadas para ainda surtirem impacto nos indicadores do primeiro trimestre do ano. Nós não acreditamos nesta máxima! Os indicadores de 2016 apresentados até agora não nos deixam otimistas em relação aos números do primeiro trimestre. Espera-se um maior otimismo, mas uma economia ainda com fortes sinais de estagnação. As observações continuam para verificar as ações correntes e seus impactos para o segundo trimestre de 2017. Ainda estamos reticentes quanto a isso e estaremos discutindo nos próximos relatórios.
JUROS & BOLSA
JUROS
A semana para os juros iniciou com a divulgação do Relatório Semanal Focus sinalizando inflação marginalmente inferior à semana anterior (4,43% x 4,47%) e com taxa Selic estável em 9,5% para o ano de 2017. Adicionalmente, na quarta-feira (22/02) o Banco Central anunciou novo corte da Selic em 0,75% para 12,25% a.a., conforme já esperado pelo mercado.
Apesar do corte de 0,75% já ser esperado pelo mercado e consequentemente boa parte desse movimento já ter sido precificado, não foi motivo para que as curvas de Juros Real e Nominal não apresentassem
A curva de Juros Nominal já começa a sinalizar uma taxa de juros de apenas um dígito para o curto prazo e a curva de Juros Real também sinaliza redução ao longo de todos os vértices de sua curva, sinalizando taxas próximas a 5% em prazos mais longos, corroborando com a tese apresentada no texto acima de que os retornos elevados em renda fixa devem desaparecer, sendo que nos níveis atuais, as taxas já começam a apresentar dificuldades em superar a maioria das metas atuariais dos RPPS’s.
Neste cenário de possibilidade de cortes mais expressivos na taxa Selic, a exposição pontual em títulos, tanto pré como indexados a inflação, de vencimentos mais longos (devido estes apresentarem maior impacto das oscilações das taxas de juros) tendem a trazer retornos mais expressivos para a carteira. Uma amostra disso são os resultados apresentados pelos índices IDKA 10, 15, 20 e 30 que apresentam retorno interessante no ano: 7,08%, 9,94%, 12,84% e 18,93% respectivamente. Estes retornos são reflexos dos cortes das taxas de juros já realizados e da expectativa dos cortes que ainda ocorrerão. Com a expectativa de que o Banco Central reduza a Selic abaixo de 10%, isso seria uma redução de no mínimo 250 pontos percentuais da taxa atual, movimento essa que ainda poderá ser aproveitado pelos títulos mais longos, mesmo com parte desse movimento já precificado. Contudo, conforme o tempo passa, o resultado tende a ser menos expressivo.
BOLSA
A bolsa encerrou a semana com queda, rompendo as altas apresentadas nas duas semanas anteriores, com o Ibovespa fechando na sexta-feira (24/02) aos 66.662, queda de 1,6% na semana, mas ainda assim acumulando valorização de 10,68% em 2017. A queda desta semana pode ser considerada como um movimento de realização de lucros de curto prazo, visto que na terça-feira (21/02) o Ibovespa encerrou o dia cotado a 69.052 pontos, o que representava no momento alta de 14,65% no ano. Como neste movimento de queda, o Ibovespa não perdeu o suporte psicológico dos 65.000 pontos, é possível acreditar n a manutenção destes patamares de preços e até mesmo a busca de novos patamares. Continuamos acreditando que a bolsa ainda tem espaço para subir, mesmo com o atual cenário político/econômico, decorrente de uma realocação do capital que era destinado a aplicações em renda fixa e que agora tendem a procurar novo destino em função da queda da taxa Selic. Movimentos curtos de operações táticas, com fundos que possuem beta elevado em relação ao Ibovespa é uma estratégia ainda válida para se aproveitar dos movimentos de volatilidade, a segunda estratégia é começar a olhar para fundos que possuem boa visão do cenário macroeconômico (top-down) para iniciar posições de prazo mais longo e assim aproveitar um movimento mais lento de retomada da economia, principalmente se as medidas de Reformas da Previdência e Tributárias citadas no início do texto comecem a ser desenhadas e postas em prática.
DESEMPENHO DOS INDICADORES
AGENDA DA SEMANA
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